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A franquia dos filmes "Star Wars" é uma das mais populares do mundo. Recentemente a Disney adquiriu os direitos desses filmes e dos produtos associados e anunciou o lançamento de uma nova trilogia, cujo primeiro capítulo — "O despertar da força" — estreou nos cinemas no final de 2015. O sucesso foi imediato. Após algumas semanas, a imprensa noticiava que o filme havia batido o recorde de "Avatar", tornando-se a maior bilheteria de todos os tempos.

O gráfico a seguir traz as dez maiores bilheterias de todos os tempos no mercado americano, com o primeiro capítulo da nova trilogia "Star Wars" no topo. Focarei nos Estados Unidos porque o país tem histórico bem documentado de bilheterias, com início no século passado. Preste atenção no ano de produção de cada um dos filmes da lista, indicado, entre parênteses, depois do título.

bilheteria 01

Há algo bastante peculiar nesse conjunto de filmes: quase todos são produções bastante recentes — nove são deste século.

E o que aconteceu com clássicos como "…E o vento levou", "Ben Hur" e "Os dez mandamentos", que arrastavam multidões aos cinemas? Por que na lista não figura nenhum filme de décadas bem anteriores, quando o cinema sofria menos concorrência de outras mídias, como dvd, Blu-Ray, Netflix e sites piratas?

Na verdade, há um problema muito sério com esses números — e em geral com o jeito como se divulgam bilheterias de cinema. Por quê? Porque não são levados em conta os efeitos da inflação. Um exemplo fictício ajuda a ilustrar melhor a situação: imagine dois filmes que tiveram o mesmo número de espectadores, um deles de 1980 e o outro de 2010. Ao longo desses trinta anos, o preço do ingresso de cinema subiu muito, o que faz com que o valor em dólares da bilheteria do filme mais recente seja muito maior.

Em outras palavras: os dados de bilheteria de filmes produzidos em anos distintos não permitem comparação fiel por causa da inflação. É, portanto, necessário realizar um ajuste que retire desses dados o efeito da mudança de preços. Esse ajuste é feito da seguinte forma: dividem-se as bilheterias de cada filme pelo preço médio do ingresso no ano de sua produção. Isso dá uma ideia do número de pessoas que assistiram ao filme. Pegamos então esse valor e multiplicamos pelo preço do ingresso em determinado ano — o chamado ano-base. Assim, calculamos o valor arrecadado caso o número de espectadores no ano do lançamento do filme pagasse o valor do ingresso cobrado no ano-base.

Importante: o ano-base precisa ser o mesmo para todos os filmes que estamos considerando. Dessa forma, os valores se tornam comparáveis no tempo. Um ajuste desse tipo é similar ao realizado no cálculo do pib para chutar fora da conta o efeito da inflação.

Por exemplo, para o filme "Titanic", divide-se a bilheteria total pelo preço do ingresso no ano em que foi lançado (1997). Agora, pegamos esse valor e multiplicamos pelo preço do ingresso no ano-base, que, em nosso caso, será 2014. Assim, obtemos a bilheteria ajustada pela inflação para este filme.

Veja agora a lista das dez maiores bilheterias de todos os tempos nos Estados Unidos, ajustada pela inflação:

 



 

Essa relação faz mais sentido. Observe que o viés em favor dos filmes mais novos desapareceu. O clássico "…E o vento levou", de 1939, continua sendo o filme mais popular de todos os tempos.

Detalhe: não há nenhum filme deste século entre as dez maiores bilheterias ajustadas de todos os tempos.

Outro fato curioso: a primeira lista (sem o ajuste pela inflação) continha três filmes recentes da franquia "Star Wars". Nenhum deles aparece no top 10 depois de se levar em conta a inflação, mas o primeiro de todos da série, lançado em 1977, está em segundo lugar na lista ajustada.

(Informações extraídas da página especializada boxofficemojo.com em 31 de agosto de 2017.)

 

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Por que "...E o vento levou" tem a maior bilheteria da história?

? A franquia dos filmes "Star Wars" é uma das mais populares do mundo. Recentemente a Disney adquiriu os direitos desses filmes e dos produtos associados e anunciou o lançamento de uma nova trilogia, cujo primeiro capítulo — "O despertar da força" — estreou nos cinemas no final de 2015. O sucesso foi imediato. Após algumas semanas, a imprensa noticiava que o filme havia batido o recorde de "Avatar", tornando-se a maior bilheteria de todos os tempos. O gráfico a seguir traz as dez maiores bilheterias de todos os tempos no mercado americano, com o primeiro capítulo da nova trilogia "Star Wars" no topo. Focarei nos Estados Unidos porque o país tem histórico bem documentado de bilheterias, com início no século passado. Preste atenção no ano de produção de cada um dos filmes da lista, indicado, entre parênteses, depois do título. bilheteria 01 Há algo bastante peculiar nesse conjunto de filmes: quase todos são produções bastante recentes — nove são deste século. E o que aconteceu com clássicos como "…E o vento levou", "Ben Hur" e "Os dez mandamentos", que arrastavam multidões aos cinemas? Por que na lista não figura nenhum filme de décadas bem anteriores, quando o cinema sofria menos concorrência de outras mídias, como dvd, Blu-Ray, Netflix e sites piratas? Na verdade, há um problema muito sério com esses números — e em geral com o jeito como se divulgam bilheterias de cinema. Por quê? Porque não são levados em conta os efeitos da inflação. Um exemplo fictício ajuda a ilustrar melhor a situação: imagine dois filmes que tiveram o mesmo número de espectadores, um deles de 1980 e o outro de 2010. Ao longo desses trinta anos, o preço do ingresso de cinema subiu muito, o que faz com que o valor em dólares da bilheteria do filme mais recente seja muito maior. Em outras palavras: os dados de bilheteria de filmes produzidos em anos distintos não permitem comparação fiel por causa da inflação. É, portanto, necessário realizar um ajuste que retire desses dados o efeito da mudança de preços. Esse ajuste é feito da seguinte forma: dividem-se as bilheterias de cada filme pelo preço médio do ingresso no ano de sua produção. Isso dá uma ideia do número de pessoas que assistiram ao filme. Pegamos então esse valor e multiplicamos pelo preço do ingresso em determinado ano — o chamado ano-base. Assim, calculamos o valor arrecadado caso o número de espectadores no ano do lançamento do filme pagasse o valor do ingresso cobrado no ano-base. Importante: o ano-base precisa ser o mesmo para todos os filmes que estamos considerando. Dessa forma, os valores se tornam comparáveis no tempo. Um ajuste desse tipo é similar ao realizado no cálculo do pib para chutar fora da conta o efeito da inflação. Por exemplo, para o filme "Titanic", divide-se a bilheteria total pelo preço do ingresso no ano em que foi lançado (1997). Agora, pegamos esse valor e multiplicamos pelo preço do ingresso no ano-base, que, em nosso caso, será 2014. Assim, obtemos a bilheteria ajustada pela inflação para este filme. Veja agora a lista das dez maiores bilheterias de todos os tempos nos Estados Unidos, ajustada pela inflação:     Essa relação faz mais sentido. Observe que o viés em favor dos filmes mais novos desapareceu. O clássico "…E o vento levou", de 1939, continua sendo o filme mais popular de todos os tempos. Detalhe: não há nenhum filme deste século entre as dez maiores bilheterias ajustadas de todos os tempos. Outro fato curioso: a primeira lista (sem o ajuste pela inflação) continha três filmes recentes da franquia "Star Wars". Nenhum deles aparece no top 10 depois de se levar em conta a inflação, mas o primeiro de todos da série, lançado em 1977, está em segundo lugar na lista ajustada. (Informações extraídas da página especializada boxofficemojo.com em 31 de agosto de 2017.)   Para ficar por dentro do que rola no Por Quê?, clique aqui e assine a nossa Newsletter.
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